"A necessidade é mãe da inovação .” (Platão)
O brasileiro e a recuperação econômica
Em meio a um governo com seis meses de atuação e um dos mais altos índices de desemprego já registrados na história do Brasil, uma pesquisa feita pela consultoria Kantar, em parceria com a ACREFI - Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento, aponta aumento de otimismo do brasileiro na recuperação econômica do país e na melhoria de oferta de postos de trabalho, em relação a anos anteriores. O estudo teve como objetivo, avaliar a expectativa dos brasileiros com o cenário nacional e mundial, e revelou que 13% dos brasileiros acham que o País está em situação ótima ou boa, enquanto 51% acham que o país está em situação ruim ou péssima. O mesmo levantamento, feito em 2018, registrou um otimismo de 4% entre os entrevistados. A pesquisa buscou trazer um retrato homogêneo do país com entrevistados de todos os locais e com promoção de variedade. Mil pessoas foram entrevistadas, entre os 18 e 65 anos, de ambos os sexos e das cinco regiões do Brasil.
Resultados da pesquisa - O resultado encontrado é fruto da vivência sob um novo governo, baseado em expectativas criadas com a eleição em outubro passado. O desemprego ainda é a questão que mais preocupa os brasileiros conscientes, que esperam melhorias. O estudo da Kantar mostrou que 60% dos entrevistados se preocupam e estão atentos com sua fonte de renda e emprego. Sobre o seu otimismo, 37% deles acreditam que melhorias podem acontecer em 2020. Cerca de 10% dos respondentes espera melhora no cenário político e econômico somente em 2021. A Reforma da Previdência é a pauta mais relevante no momento para 21% dos entrevistados. Em segundo lugar surge a Educação como principal setor de investimento, com 18% da opinião dos respondentes, a maioria, jovens. Segundo a ACREFI, a agenda econômica deixa de ser de proposição e passa a ser uma agenda de realização, sobre a qual a percepção das pessoas é positiva.
Venda de remédios em supermercados pode virar lei
Depois da tentativa do senador Flávio Bolsonaro de emplacar um projeto de lei para liberar os MIPs - medicamentos isentos de prescrição em todos os estabelecimentos comerciais, governo e Congresso voltam a encampar a ideia. A MP 881, conhecida como Medida Provisória da Liberdade Econômica, deve incluir essa possibilidade no texto final do projeto, cuja votação para ser transformado em lei está prevista para agosto. Elaborada pela equipe do ministro Paulo Guedes e sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro em abril, a MP tem como principal premissa reduzir a burocracia para o funcionamento de empresas no país e melhorar o ambiente de negócios. A ideia agradou em cheio diversos setores da economia, mas ao mesmo tempo passou a ser alvo de uma série de pedidos de emendas. Foram 301 desde então, das quais cerca de 120 já foram incorporadas ao texto. A permissão para a venda desses medicamentos em locais como supermercados ainda não foi inserida na MP, mas informações de bastidores dão conta de que o relator do projeto no Congresso Nacional, o deputado Jerônimo Goergen, do PP-RS, deverá contemplar esse item no parecer final.
A perseverante tentativa - Mesmo após decisão do STJ - Superior Tribunal de Justiça em 2004, proibindo definitivamente a comercialização de remédios nesses estabelecimentos, o Parlamento insiste em reverter esse cenário. Em 2009, o deputado Sandro Mabel tentou autorizar novamente a liberação por meio da MP 549/11, mas esta foi rejeitada na Câmara dos Deputados e vetada em 2012 por Dilma Rousseff. Em fevereiro de 2018, o PL 9.482/2018, de Ronaldo Martins (PRB/CE), foi encaminhado para a CSSF - Comissão de Seguridade Social e Família. No entanto, foi desconsiderado após o parlamentar não ser reeleito. O presidente Michel Temer chegou a sinalizar apoio à iniciativa depois de analisar um pedido da ABRAS - Associação Brasileira de Supermercados para agilizar a votação, até que em junho deste ano, Flávio Bolsonaro sugeriu a alteração da Lei 5.991/73. Uma das alegações foi baseada justamente em um encontro com executivos da entidade supermercadista.
Saúde da população e segurança do paciente não estão sendo levadas em consideração - O CRF-SP - Conselho Regional de Farmácia de São Paulo divulgou nota pedindo que parlamentares rejeitem a emenda e conclamou a comunidade farmacêutica a enviar mensagens aos seus representantes no Legislativo. Para a entidade, o projeto “não leva em consideração aspectos relativos à saúde da população e à segurança do paciente”. (Portal Panorama Farmacêutico)
Pesquisadores brasileiros descobrem propriedade analgésica no abacaxi
Pesquisadores da Escola Paulista de Medicina da UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo descobriram propriedades de efeito analgésico no abacaxi. O estudo, apoiado pela FAPESP, indicou que a bromelina é uma substância que libera encefalina, com efeito semelhante ao da morfina. Até então, os cientistas sabiam da existência da bromelina, mas não conseguiam entender como ela gerava uma resposta analgésica no organismo, visto que a enzima não é capaz de entrar na circulação sanguínea. Caso isso ocorresse, o indivíduo poderia ter um choque hipotensor violento, promovendo sua morte. Foi quando os autores do estudo perceberam que o mecanismo que gera o efeito deveria estar restrito à superfície do intestino. Com base nessa descoberta, a pesquisa analisou que as pessoas que ingeriam a bromelina tinham uma consequente liberação de encefalina, que digeria a proencefalina presente na parede do intestino delgado, entrando na corrente sanguínea e gerando a ação analgésica.
A bromelina em ratos - Um artigo sobre a descoberta, publicado na revista Peptides, indicou que a administração oral de bromelina em camundongos reduziu os níveis de proencefalina em um segmento do intestino delgado e aumentou os de encefalina circulante. Com isso, a pesquisa descobriu que houve uma diminuição na capacidade de sentir dor destes animais, sendo mais intensa após três horas do consumo da enzima. (Portal Consumidor Moderno)
Piracicaba, o 'Vale do agronegócio'
Quando o viajante se aproxima de Piracicaba pela rodovia SP-308, é fácil entender a fama da cidade: as plantações de cana a perder de vista e o nome da estrada – Rodovia do Açúcar – explicam porque a região é um dos polos sucroalcooleiros do País. Quem se dedicar a olhar mais atentamente para a cidade vai encontrar, em meio ao verde, prédios espaçosos, coloridos e com gente disposta a inovar. Hoje, Piracicaba, a 160 quilômetros da capital paulista, concentra 120 das 300 startups brasileiras dedicadas ao agronegócio, ou agtechs, segundo dados da AB
Startups - Associação Brasileira de Startups. Apoiadas pela ESALQ, a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo, fundada em 1901, uma das cinco principais escolas de ciências agrárias do mundo, as startups agro estão ajudando a mudar um dos setores mais importantes da economia do País, e também exportando suas soluções. Há até quem já chame a região de “Vale do Agronegócio” ou “AgTech Valley”, em referência ao Vale do Silício californiano. Piracicaba fica perto de outros polos agrícolas e mercados consumidores. Além de São Paulo, está perto de Campinas, São Carlos e Ribeirão Preto e outras cidades importantes do pujante interior do Estado de São Paulo.
As startups atraem a atenção de grandes empresas – A profusão de startups que surgem no local atrai a atenção de empresas tradicionais, como a Raízen e a Coplacana, além de novatas do setor fundadas em outras regiões. Algumas das soluções desenvolvidas em Piracicaba já podem ser consideradas triviais para os iniciados no campo. São ideias como monitoramento de plantações via satélite, uso de sensores para irrigação inteligente ou de drones para a disseminação de pesticidas. Outras, no entanto, começam a mostrar diversificação na cena de startups piracicabanas, indo além do aumento da produtividade de plantações.
A central de desenvolvimento da Raízen - Quem também tem seu próprio central de desenvolvimento na região há algum tempo é a Raízen, joint venture entre os grupos Cosan e Shell. Criado em 2017, o Pulse Hub é casa de 25 empresas – cinco delas até já fecharam contratos com a Raízen, enquanto outros projetos estão sendo testados pela companhia em suas plantações. Além de servir como conexão entre a Raízen e as startups, o espaço também abre espaço para grandes empresas que desejam se aproximar do universo agro – como a operadora Vivo e a fabricante de infraestrutura de telecomunicações Ericsson. “Com o fomento de soluções num mesmo ambiente, o Pulse permite conexão entre talentos”, diz José Massad, diretor de inovação da corporação. A meta do Pulse Hub não é ficar restrito ao agronegócio: para o futuro, Massad espera que o local também gere soluções para áreas como logística, indústria e varejo.
A @Tech - Dona de uma solução que ajuda pecuaristas a identificar o melhor momento para vender seus rebanhos, a ferramenta da startup, chamada de BeefTrader, cruza dados dos animais, como peso e dieta, com informações do mercado e até da localização da fazenda. Assim, o sistema pode calcular não só o preço mais eficiente para a venda, mas também o lucro da operação. Criada em 2015 por Tiago Zanett Albertini, doutor em Nutrição Animal, a empresa recebeu em maio um aporte da fabricante de eletrônicos Positivo. Com os recursos, começou a internacionalização, de olho em mercados como EUA, Austrália e Argentina. Antes, teve aportes da Coplacana, uma das principais cooperativas da região, e da FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. Como modelo de negócios, a @Tech cobra dos fazendeiros um valor diário para monitorar cada cabeça de gado.
A AnimalsHub - Além de vender seu peixe, ou melhor, o boi, a @Tech é a idealizadora do AnimalsHub, centro de inovação para startups de pecuária. Até o fim do ano, dez empresas selecionadas em um edital ocuparão o espaço de 450 m². A meta é ter startups que se dediquem à toda a cadeia da pecuária, do dia a dia na fazenda à comercialização, passando por certificações e padrões de consumo. “A pecuária está entrando em uma nova era”, diz Pedro Chamochumbi, agente de inovação do AnimalsHub. “Queremos integrar tecnologias e oferecer um combo tecnológico ideal para esse momento.”
A Gênica - A startup usa a biotecnologia para ajudar no combate de pragas e doenças em grandes cultivos como soja, milho, feijão, cana-de-açúcar e algodão. Fundada por Fernando Reis, a empresa tem em sua equipe oito ex-alunos da ESALQ, um terço dos 25 funcionários. Até o fim de 2020, serão mais 10 pessoas. Parte da equipe ajudará a startup a fazer uma espécie de “vacina” para a ferrugem da soja, a principal doença da agricultura brasileira. “Estamos trabalhando em compostos que ajudem os genes da planta a se manifestar”, diz Marcos Petean, diretor executivo da Gênica. “Assim, ela pode desenvolver mecanismos bioquímicos para se defender de doenças como a ferrugem.”
O AgTech Garage - Um dos principais hubs de inovação que abrigam empreendedores em Piracicaba. O engenheiro químico José Tomé foi cofundador do AgTech Garage, um dos hubs de inovação de Piracicaba apoiado por empresas como Bayer, Sicredi e Ourofino. A Coplacana, cooperativa dos plantadores de cana-de-açúcar da região, decidiu criar o Avance Hub e investir em startups. Há inúmeras empresas de inovações tecnológicas criadas na região. Alguns outros exemplos são a Sintecsys, focada no monitoramento de incêndios, e a AgroclimaPro, startup de agrometeorologia criada pelo Climatempo, e residente do Pulse Hub.
Apoio da ESALQ - Antes do AnimalsHub, o primeiro escritório da @Tech ficava dentro do EsalqTec, incubadora da ESALQ - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz. “Tudo começou ali, com ajuda para estruturar planos de negócios e contatos”, diz Albertini, que fez mestrado, doutorado e pós-doutorado na escola. A ESALQ só não tem uma história mais antiga que a da cultura de cana-de-açúcar na região de Piracicaba. As primeiras plantações datam do século XIX. Quando a cana se desvalorizou, a escola ajudou Piracicaba a encontrar novos rumos, com pesquisas que levaram à industrialização local. Formou-se um ecossistema de grandes empresas e pesquisadores. Além da ESALQ, a cidade está perto de unidades da EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Os alunos da ESALQ vivem em contato com inovação, organizando palestras e visitando empresas. Além disso, há incentivo para a transferência de conhecimento. “Sempre tento fazer os alunos verem a chance da pesquisa virar produto ou serviço, gerando emprego e renda”, diz o professor Sérgio Pascholati, presidente do conselho da EsalqTec. Hoje, a incubadora tem 10 empresas residentes e 121 projetos em andamento. Além disso, ajuda a direcionar alunos para trabalhar nas startups da região.
Boa densidade - No mundo das startups, quando um local reúne condições ideais para a criação de um ecossistema, diz-se que ele tem boa “densidade”. No caso de Piracicaba, isso é válido há décadas. Porém, faltava incentivo à inovação. “Há cinco anos, a discussão de empreendedorismo não era tão presente”, diz o engenheiro agrônomo Guilherme Raucci, que fez mestrado na ESALQ e hoje é um dos diretores da Agrosmart. Uma das startups mais conhecidas do setor, a empresa nasceu em Itajubá, MG, e exporta suas soluções para nove países, mas tem um escritório em Piracicaba.
Mão de obra, capital e conectividade são desafios - Mas nem tudo são flores, frutos e sementes para as startups piracicabanas. Entre os desafios citados pelos empreendedores locais, há obstáculos como a quantidade de investidores dedicados ao setor, especialmente em aportes mais robustos. A conectividade no campo, no qual está o público das empresas, é outro entrave, diz José Massad, diretor de inovação da Raízen. Além disso, se hoje a região já gera empreendedores, ainda falta mão de obra para trabalhar nas startups. Ainda há pouca gente capaz de lidar com a cultura de constante mudança e inovação. Outros elencam ainda a “falta de maturidade” com que algumas empresas se lançam ao mercado.
Tecnologia pode ajudar no combate à fome - Para o presidente da ABStartups, Amure Pinho, o ecossistema de Piracicaba ainda precisa refinar a combinação de talento, mercado e capital. “Assim, será possível tirar o melhor da região para resolvermos um problema sério: aumentar a produção de alimentos”, diz, ressaltando o papel da tecnologia no processo. Segundo estimativas da ONU, logo o planeta terá 10 bilhões de pessoas e será um desafio botar comida na mesa de tanta gente. Hoje, alimentação já é um problema para 820 milhões em todo o mundo, segundo relatório publicado pela ONU nesta semana. Para os especialistas, o Brasil pode liderar esse processo, e exportar não só comida, mas tecnologia. “O entrosamento entre academia e produção é muito bom em Piracicaba”, diz Bob Sainz, professor da Universidade da Califórnia em Davis. “Se a vocação para o agronegócio e as tecnologias forem bem unidas, não tenho dúvida de que o Brasil não exportará só carne e soja, mas também moléculas, algoritmos e softwares.” "Não vejo razão para o Brasil não ser referência em alimentos. Só é preciso determinar o valor que um pólo de inovação na produção de alimentos irá adicionar ao agronegócio brasileiro", afirmou Roger Van Hoesel, diretor do Food Valley, iniciativa que une startups do agronegócio e da alimentação na Holanda. (Jornal O Estado de S.Paulo)
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