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ÚLTIMAS NOTÍCIAS | Ano 11 | Edição 027

“O mundo está cheio de coisas óbvias que ninguém jamais observa.” (Sherlock Holms, na série Elementary)

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Brasil fecha o primeiro semestre com exportação de soja recorde

A greve dos caminhoneiros atrapalhou, mas não impediu que o Brasil fechasse o primeiro semestre deste ano com recorde nas exportações de soja. Foram 46,3 milhões de toneladas exportadas ao longo dos seis primeiros meses de 2018, ou 2,3 milhões de toneladas a mais em relação ao mesmo período do ano passado.


Homens gastam mais em farmácias online

O gasto dos homens com compras online de medicamentos isentos de prescrição (MIPs), artigos de higiene pessoal, beleza e perfumaria é 47% superior ao das mulheres – com tíquete médio mensal de R$ 182 contra R$ 124. É o que aponta uma pesquisa realizada pela plataforma Farmácias APP. O levantamento revela também que os MIPs lideram em volume de vendas, com 64%, seguidos pelos produtos de higiene (20%) e perfumaria/ cosméticos (16%). Outra curiosidade é que o público na faixa de 35 a 44 anos responde por 62% das transações, enquanto 21% dos consumidores estão entre 25 e 34 anos.


Consumidor quer agilidade e economia - “É natural que as pessoas mais maduras sejam os usuários com maior recorrência de compra, por terem mais preocupações com a utilização de remédios”, destaca o CTO da Farmácias App, Robson Michel Parzianello. “Os compradores são aqueles que já adquirem produtos e serviços na web com certa frequência”, complementa. O executivo informa ainda que as maiores exigências do consumidor no canal envolvem agilidade e economia. “Geralmente os itens adquiridos apresentam percentuais atrativos de descontos, acima de 30%, e com prazo de entrega curto”, observa. (Panorama Farmacêutico)


Suplementos têm novas regras da ANVISA

A Dicol - Diretoria Colegiada da ANVISA aprovou em 17 de julho um marco regulatório para os suplementos alimentares, que podem conter em sua composição diferentes nutrientes, substâncias bioativas, enzimas e probióticos. O objetivo da ANVISA é reduzir as discrepâncias de informações existentes nesse segmento de mercado, especialmente quanto às comprovações científicas dos benefícios desses produtos. Uma RDC - Resolução de Diretoria Colegiada, que será publicada no Diário Oficial da União, estabelecerá as normas de composição, qualidade, segurança e rotulagem. A ANVISA também publicará uma IN - Instrução Normativa com a lista dos ingredientes e alegações funcionais permitidas, além de uma resolução sobre estudos necessários para comprovar a eficácia dos probióticos. Ainda serão instituídos limites mínimos e máximos para cada substância, de acordo com o grupo populacional.


Suplementos têm o tíquete médio reduzido, mas as vendas estão em alta - A crise econômica e a alta do dólar vêm contribuindo para mudar os hábitos de consumo dos suplementos nutricionais. Segundo o presidente da Abenutri, Marcelo Bella, nos últimos dois anos houve uma redução de cerca de 30% no valor do tíquete per capita. O índice de vendas, entretanto, registrou alta de 12% e chegou a R$ 2,2 bilhões em 2017. Para 2018, as projeções apontam para uma alta de 15% e um movimento de R$ 2,5 bilhões. As compras online, que há cinco anos representavam 17% do consumo total, já avançaram para 40%. “É um mercado com características similares às de setores como vestuário e cosméticos. Muda-se a faixa de consumo, procuram-se produtos com preços menores que possam ser incluídos no orçamento, mas não se deixa de consumir. (Redação Panorama Farmacêutico)


A Lava-Jato no caminho da ex-Hypermarcas

O ano de 2018 deveria consolidar uma guinada para a Hypermarcas, fabricante do antigripal Apracur e do analgésico Doril. Depois de vender seus negócios nas áreas de alimentos, limpeza, beleza e higiene pessoal, abrindo mão de linhas de produtos famosas, como Salsaretti e Bozzano, a companhia, fundada pelo bilionário goiano João Alves de Queiroz Filho em 2001, passava a ser definitivamente uma empresa farmacêutica. Era a conclusão de um processo iniciado em 2011 que fez seu lucro subir 73%, para 965 milhões de reais no ano passado.


O novo nome Hypera Pharma - A Hypermarcas mudou de nome, em fevereiro deste ano, para Hypera Pharma, focada em remédios. “Escolhemos concentrar investimentos nesse mercado porque já temos posição de liderança em diversas categorias. Vemos um grande potencial de crescimento”, disse Breno Oliveira, presidente da Hypera. Os investidores na bolsa de valores vinham compartilhando desse otimismo e levaram a companhia ao valor de mercado recorde de 24 bilhões de reais em março, 38% mais do que um ano antes.


A operação Tira-Teima - No novo caminho houve uma investigação anticorrupção da Polícia Federal. Em abril, cumprindo mandados de busca e apreensão na Hypera, a Polícia Federal deflagrou a Operação Tira-Teima para esclarecer a suspeita de participação da empresa no pagamento de propinas a políticos do MDB e do PSDB entre 2013 e 2015. O esquema foi descoberto após indícios de os malfeitos terem aparecido em depoimentos de lobistas pegos na Operação Lava-Jato. Nelson José de Mello, ex-diretor de relações institucionais da Hypermarcas e homem de confiança de Queiroz Filho, confessou em acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal, em 2016, ter repassado 26,4 milhões de reais a políticos em troca de futuro apoio a projetos de lei que poderiam beneficiar a companhia.


Decisão por conta própria - Mello, que deixou a empresa no mesmo ano da delação, disse que tomou a decisão por conta própria. O mesmo discurso tem sido adotado pela Hypera. No entanto, a queda de 25% do valor das ações nos últimos três meses mostra que, assim como a PF, os investidores não estão acreditando nessa versão, e os respingos do maior escândalo de corrupção da história do país podem atravancar os planos da farmacêutica.


O benefício pretendido pela Hypera - De acordo com o depoimento do ex-diretor Mello, ele pretendia, com os pagamentos a políticos como o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (MDB-RJ), conseguir mudanças na Medida Provisória de número 627, que aumentava a tributação de empresas brasileiras no exterior. Os advogados de Mello, Queiroz Filho e Bergamo não comentaram o caso.


A Hypera se destaca na Lava-Jato - Depois de quatro anos e 52 fases da Lava-Jato, a Hypera se destaca no imenso rol de casos derivados da apuração de desvios na Petrobras porque é a maior empresa que não tem dependência vital de contratos com o setor público, como as empreiteiras e os estaleiros, nem calcou sua expansão em financiamentos de bancos do governo, a exemplo dos frigoríficos. Assim como outras companhias envolvidas, a farmacêutica tem sofrido por sua falta de transparência na divulgação de informações relativas à Tira–Teima, na visão de analistas.


Falta de transparência afasta investidores - Como companhia listada em bolsa, a Hypera tem obrigação de comunicar a seus acionistas qualquer evento que possa prejudicar seu balanço. Mas levou dez dias para que a empresa admitisse que a operação de busca e apreensão da PF em 10 de abril não teve como alvo apenas a sede da companhia em São Paulo, mas também a casa do presidente do conselho de administração, Queiroz Filho, e de Claudio Bergamo, que ocupava a presidência do grupo desde 2007. “Sem clareza do que de fato está acontecendo, é impossível tomar uma decisão sobre investir na empresa. Os resultados, os projetos, tudo passa para segundo plano”, afirma Eduardo Guimarães, sócio da consultoria analista de ações Levante.


Acordo de leniência muito caro - Os dois principais executivos da Hypera, Queiroz Filho e Bergamo, deixaram voluntariamente seus cargos no dia 26 de abril. Em maio, surgiram rumores, igualmente rechaçados pela empresa farmacêutica, de que ambos estão negociando uma delação premiada com o MPF e de que a Hypera considera fechar um acordo de leniência com pagamento de uma multa de até 2 bilhões de reais. O montante equivale a quase cinco vezes os 463 milhões de reais de ativos líquidos da empresa no momento e a quase dois terços da dívida de 2,75 bilhões de reais que a farmacêutica tinha em 2010, antes de começar a vender seus outros negócios. Na época, a quantia era tida como excessivamente alta. Ou seja, uma penalidade dessa monta significaria praticamente apagar o benefício financeiro obtido com a mudança estratégica. E também ficar sem folga de recursos para investir no desenvolvimento de novas formulações, um dos pilares da nova fase do grupo.


Demora estratégica pode fazer baixar o valor da multa por corrupção - A omissão, ou a demora para confirmar informações, como a incursão dos federais nas casas de Queiroz Filho e de Bergamo, alimenta a especulação em torno da gravidade dos eventuais ilícitos e do grau de envolvimento da Hypera e de seus mais altos executivos. Essa lentidão é vista por advogados com conhecimento em acordos de delação e leniência como uma tática para conseguir uma proposta melhor por parte das autoridades. “O melhor a fazer nessas situações é sempre esperar o máximo para ver todas as provas que a polícia tem nas mãos”, diz um advogado que já atuou em diversos acordos desse tipo no Brasil e no exterior. “Se o caso contra a empresa não for muito sólido, pode-se pagar uma multa menor.”


Na Hypera impera a calmaria - Enquanto isso, nas fábricas e nos escritórios da Hypera, o ambiente é de relativa tranquilidade. Assim como os investidores, os funcionários ficam sabendo primeiro de informações a respeito da Operação Tira-Teima pela imprensa. Os empregados relatam, em condição de anonimato para não sofrerem represálias, que o clima é de surpresa cada vez que um novo fato vem à tona. Diferentemente de outros grandes grupos envolvidos na Lava-Jato, segundo as acusações, as práticas apontadas como ilegais na Hypera ficaram restritas ao alto escalão e tiveram como objetivo benefícios específicos e limitados. Se no ambiente interno da companhia o clima está ameno, no exterior os danos à reputação e ao valor de mercado da Hypera nem se comparam, por ora, aos sofridos por outros grupos brasileiros atingidos por escândalos de corrupção.


Hypera paga dividendos aos investidores acionistas - Ao mesmo tempo em que a sombra da Tira–Teima tem desencorajado novos aportes, um grupo de investidores vem se agarrando aos robustos números financeiros e dando o benefício da dúvida à empresa farmacêutica. No primeiro trimestre deste ano, na comparação com igual período de 2017, a receita cresceu 14%, para 928 milhões de reais, com uma elevação de 42% do lucro, para 302 milhões. A estimativa média do mercado financeiro é que as vendas alcançarão 3,7 bilhões de reais em 2018, ou 6% mais do que em 2017, com lucro de 1,5 bilhão, ou 40% mais. A venda de ativos nos últimos anos possibilitou zerar uma dívida que era de 2,8 bilhões de reais em 2010, o equivalente a 3,7 vezes o EBITDA da empresa. Com esses ganhos recentes, a Hypera aumentou em 84% a distribuição de dividendos aos investidores, com pagamento de 581 milhões de reais em juros sobre o capital próprio referentes a 2017.


Aposta estaria dando certo - A estratégia de apostar todas as fichas no mercado de remédios, com foco em genéricos e sem prescrição, está dando certo, na avaliação de Maria Cristina Costa, da consultoria de análise de ações Lopes Filho, do Rio de Janeiro. Existem atualmente 120 laboratórios que fabricam medicamentos genéricos no país. Segundo a PróGenéricos, a associação do setor, os genéricos custam em média, 60% menos do que os medicamentos de referência nas farmácias. As vendas crescem com taxas de dois dígitos desde a liberação dessa categoria de remédios no Brasil, em 1999, e não diminuíram com a crise. “O mercado deve continuar crescendo consistentemente nos próximos anos, acompanhando o envelhecimento da população”, afirma a analista.


Risco calculado sem a Tira-Teima - Ao se desfazer de negócios nas áreas de alimentos e beleza, a Hypera abriu mão de mercadorias de margem baixa e com vendas estagnadas por causa da crise. No entanto trocou setores muito maiores, com faturamento combinado de 750 bilhões de reais no país, ou 100 vezes o de genéricos, e que requerem baixo investimento por itens que exigem alto investimento em pesquisa e desenvolvimento. O risco estava calculado pelos executivos da empresa. Mas ninguém contava com uma operação policial no caminho.


Os efeitos da Lava-Jato em outras empresas envolvidas em corrupção - Além da Odebrecht, outras empreiteiras, como a Andrade Gutierrez, viram sumir seus contratos de obras com o poder público, sua principal fonte de renda, e correram o risco de quebrar quando as dificuldades financeiras as levaram a atrasar o pagamento de dívidas com investidores. A JBS perdeu 38% do valor de mercado na semana posterior à divulgação de que Joesley Batista, presidente do conselho de administração e um dos controladores do grupo, tinha gravado uma conversa com Michel Temer, no Palácio do Jaburu, em que o presidente da República supostamente concordava com a compra do silêncio de Eduardo Cunha (MDB-RJ) para que o parlamentar não delatasse o que seriam pagamentos de propina. (Revista EXAME)


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