ÚLTIMAS NOTÍCIAS | Ano 12 | Edição 034
- Rodrigo N. Ferraz
- 28 de mai. de 2019
- 9 min de leitura

"Você só vive duas vezes: uma quando nasce, e outra quando encara a morte.”
(Ian Fleming, escritor inglês, criador de James Bond, o agente 007)
Abbott e as doenças sem medicamentos específicos
A Abbott, empresa multinacional farmacêutica de origem norte-americana, planeja reforçar a aproximação com o consumidor brasileiro por meio de lançamentos para doenças cujo tratamento ainda não conta com nenhum medicamento específico. Para isso, investiu R$ 20 milhões na construção do Centro de Desenvolvimento Farmacêutico no Rio de Janeiro, que começou a operar em 2016 e estará em capacidade plena até 2020. O centro foi projetado para desenvolver moléculas em escala-piloto, que só ganham produção em larga escala a partir da avaliação de demanda. O objetivo é desenvolver medicamentos de marca em áreas como cardiologia, saúde da mulher, gastroenterologia, respiratória e sistema nervoso central. “Adotamos como modelo de negócio a inovação incremental, com o objetivo de ampliar o acesso e a adesão ao tratamento pela população, ofertando um portfólio diferenciado para cada região”, afirma Juan Carlos Gaona, gerente geral da Abbott no Brasil, e responsável pela divisão de negócios farmacêuticos da empresa. Segundo o executivo, a companhia já lançou três produtos para a saúde feminina (Stetic Hair, Stetic Sculp, Zafolat e Gestaz) e esse ano pretende colocar no mercado o quarto medicamento, voltado para a área de angiologia.
A Abbott - Com um faturamento de 30,6 bilhões de dólares em 2018, a farmacêutica investiu US$ 2,3 milhões em P&D e projeta para este ano um crescimento acima da média do mercado, em torno de 8,6%. Com quatro unidades de negócios: farmacêuticos, dispositivos médicos, nutrição e diagnóstico, a companhia está presente há mais de 80 anos no Brasil, com 2.400 colaboradores. Além da sede administrativa em São Paulo, a Abbott conta com uma fábrica no Rio de Janeiro e outra de válvulas cardíacas em Belo Horizonte, da qual 10% da produção é vendida localmente e o restante é exportado para os Estados Unidos e a Europa. Também mantém uma unidade de processamento de material biológico em Concórdia, SC.
Tecnologia aliada à saúde - As novidades sobre a companhia foram obtidas durante a segunda edição do Espaço Vida, evento que ocorreu de 20 a 25 de maio em São Paulo, SP, e reuniu mais de 2 mil profissionais da área da saúde, estudantes, médicos, consumidores e parceiros. Na ocasião foram apresentadas as principais tecnologias e inovações da empresa. E uma das áreas mais estratégicas está relacionada ao diabetes, na qual a farmacêutica é líder mundial de monitorização de glicemia.
Monitorando o nível glicêmico - Em janeiro deste ano, a Abbott lançou o aplicativo FreeStyle LibreLink, que viabiliza o monitoramento dos níveis de glicose diretamente pelo smartphone, sendo voltado a pacientes que fazem uso do FreeStyle Libre. Lançado em 2016, o dispositivo lê os níveis de glicose por meio de um sensor que é utilizado na parte posterior superior do braço por até 14 dias, eliminando a necessidade das rotineiras picadas nos dedos. Está disponível no e-commerce da Onofre e nas redes Droga Raia e Drogasil pelo valor de R$ 239. “Com o aplicativo, basta o usuário aproximar o smartphone do sensor para registrar e visualizar os níveis de glicose em tempo real e avaliar o histórico de glicose das últimas oito horas. Ele também permite o compartilhamento dos dados com médicos, cuidadores e profissionais de saúde e do varejo farmacêutico”, afirma Sandro Rodrigues, gerente geral da Divisão de Cuidados para Diabetes no Brasil. (Portal Panorama Farmacêutico)
O documento que mudou o mundo
“Trabalhe duro, não trabalhe duro – todos recebem o mesmo. Então as pessoas não querem trabalhar.” (Yan Hongchang)
Em 1978, um pequeno pedaço de papel assinado em Xiaogang, um vilarejo na longínqua China rural, teve o poder de formatar o mundo como vivemos hoje. Depois de tomar o poder em 1949, Mao Tsé-tung aboliu brutalmente a propriedade das terras privadas, agrupando fazendas em “comunas populares” subservientes ao Estado. Essa brutal intervenção do Estado ficou conhecida como o Grande Salto para Frente, gerando a escassez mais mortal de toda a história. Era a utopia de que o planejador central sabia melhor como cultivar os campos.
Em 1960, a China era um caos completo - A taxa de mortalidade pulou de 15% para 68%, e a taxa de natalidade despencou. Os agricultores, totalmente desnutridos, eram incapazes de lavrarem o solo e morriam vendo o arroz apodrecer. Quem quer que fosse pego estocando grãos era fuzilado. Os mortos por inanição chegaram a 50% em alguns vilarejos. Os sobreviventes vagueavam pelas estradas à procura de comida. Mas isso ainda era pouco. Em 1968, um membro da Guarda Vermelha, de 18 anos, chamado Wei Jingsheng, se refugiou próximo a Xiaogang e descreveu cenas dantescas: famílias trocavam suas crianças para poder comê-las. A China foi, de longe, o maior campo de morte da história do mundo. Como não poderia ser diferente, os agricultores de uma pequena aldeia chamada Xiaogang estavam desesperados pela completa falta de comida. Mesmo desenterrando raízes ou cozendo folhas com sal, eles não estavam conseguindo alimentos suficientes para a sua sobrevivência. Foi então que em uma noite no final de novembro de 1978 um grupo de 18 agricultores de Xiaogang se reuniu secretamente e tomou uma Decisão radical.
O documento assinado em novembro de 1978 - Comandados por Yan Hongchang, eles assinaram um contrato que devolvia as terras para cada agricultor de forma individual. Eles sabiam que o planejamento estatal não estava funcionando. Mas o fato de dividir a terra entre si poderia levá-los à prisão e, para tanto, concordaram que ninguém jamais saberia daquela história. Caso alguém fosse preso, ficou combinado que os outros criariam os filhos dos prisioneiros. Era um documento contra a base do socialismo e quase um retorno à propriedade privada. Uma verdadeira contra-revolução em plena ebulição revolucionária de Mao Tsé-tung.
O contrato de Xiaogang era bom - Então aconteceu um verdadeiro milagre. Em um ano, a extensão de terra plantada praticamente dobrou e a aldeia passou a gerar excedente de arroz. As notícias do sucesso da “agricultura individual” rapidamente se espalharam por toda a China. A produção de grãos aumentou para 90 mil quilos em 1979, mais de seis vezes a registrada no ano anterior. A renda per capita de Xiaogang acompanhou o passo e subiu dos 22 yuans para 400 yuans. Para se ter uma ideia, isso foi o equivalente à soma total de todas as colheitas entre 1955 e 1970, de acordo com dados oficiais. Praticamente da noite para o dia, a vila saiu da pobreza. Aparecem as primeiras críticas ferozes e, em 1979, o PCC - Partido Comunista Chinês emite uma nota reafirmando que o “trabalho individual nos campos” não estava permitido. No entanto, como a forma de produção de alimentos aumentava de maneira vertiginosa, em 1984, o governo recua e na 35.ª Parada Nacional, cinco tratores desfilam na Praça Tiananmen com um gigantesco letreiro dizendo que o contrato de Xiaogang era bom. O próprio governo reconheceu que Xiaogang “quebrou o alto sistema de produção centralizado oferecendo ao agricultor o direito à autonomia da sua produção...”. “Isso liberou e desenvolveu a produtividade das áreas rurais.”
Há momentos na vida que tiram o fôlego - Foi o que experimentei quando visitei Xiaogang e entendi o corajoso passo dado por Yan Hongchang. Quem explica melhor o que se passou em Xiaogang é o próprio reformador Deng Xiaoping. Em uma audiência com líderes estrangeiros, ele reconheceu que “Xiaogang era o lugar mais pobre da nossa história, mas houve uma grande mudança nos últimos dois anos. O lugar era o mesmo, mas a nova política agrícola alterou completamente o lugar”. E destaca, de maneira explícita: “O sucesso do trabalho rural de Xiaogang aumentou nossa confiança; nós aplicaremos a experiência da reforma rural nas cidades e faremos uma larga reforma no sistema econômico com foco nas cidades”. A contribuição do contrato de Xiaogang se refletiu não apenas no nível material. A onda histórica da reforma saiu do campo da economia e foi para as áreas da política, sociedade, cultura, etc. com um poder irresistível.
Diretrizes para o Trabalho Rural – Em 1986, oito anos depois de Xiaogang ter retomado o controle de sua agricultura, o governo central da China emitiu as Diretrizes para o Trabalho Rural. O documento foi uma decisão marcante no desenvolvimento moderno do país. Com base na abolição das comunas populares, três anos antes, endossou formalmente uma política que veio a ser conhecida como baochan daohu – um modelo de organização rural ao estilo Xiaogang conhecido como “sistema de responsabilidade doméstica”. Com aquele acordo assinado à luz de velas no interior faminto da China, um grupo de homens sem muita instrução transformou a China, que passou de grande importadora para até exportadora de alimentos em alguns casos.
Ascensão econômica chinesa - Xiaogang é uma impressionante testemunha de que civilização e propriedade privada são inseparáveis. O direito de propriedade, onde um agricultor pode controlar sua vida e o seu campo sem a interferência do Estado, é a instituição mais fundamental em qualquer economia e sociedade. É, sem dúvida, um dos maiores saltos de renda da história da humanidade. Na entrada da cidade você encontra um slogan: “A origem da ascensão econômica de nossa nação”. Mas a verdade é que é muito mais do que isso. Esse acordo de Xiogang é um dos mais importantes programas de combate à pobreza do mundo. É um daqueles raríssimos documentos que mudaram o mundo (Jornal O Estado de S.Paulo - Antonio Cabrera, ex-ministro da Agricultura e Reforma Agrária)
Etanol começa a se despregar do petróleo
Difícil imaginar uma confluência de fatores tão positivos para o etanol quanto se assiste nesta temporada, quase dois meses após o início oficial da safra. Nem na safra 2018/2019, recorde na produção do biocombustível, se iguala. Mesmo se olhando a queda do petróleo e o recuo da gasolina na refinaria, a soma das outras variáveis anulam as duas anteriores pelo retrato de agora. A total falta de apetite pelo açúcar no mercado global, sem reação alguma em Nova York, mais ainda após o USDA revelar previsão de superávit acima de 4,3 milhões de toneladas, de cara já demonstra que o mix pode acabar ficando parecido com a safra passada, com 35% da cana indo para o biocombustível. O total foi de 33,1 bilhões de litros de etanol. Com os preços da commodity beirando o custo industrial, mesmo o etanol bambeando um pouco, como se viu nas últimas semanas com o ganho de produção em início de safra, seguirá vantajoso.
Mercado e preço médio maiores - Martinho Ono, CEO da SCA Trading, cita dois aspectos. O primeiro, mas significativo, é que "agora nós já construímos um mercado de 2 bilhões de consumos de litros diários, ao contrário dessa mesma época o ano passado, quando o consumo era relativamente menor e ainda tivemos a greve dos caminhoneiros. Ou seja, as usinas em 2018 foram para o etanol por conta quase que exclusivamente do açúcar, ao passo que agora é a demanda interna que movimenta. Os dados da agremiação que reúne as indústrias do Centro-Sul, Unica, a respeito da primeira quinzena de maio, mostraram vendas de quase 1 bilhão de litros. Deve se repetir, se não passar na atual quinzena, com três dias úteis a mais. Desde o começo do ano a variação é em torno desse parâmetro. Outro ponto que Ono elenca é que o preço médio de R$ 2, em Ribeirão Preto, nesta segunda (27), está sendo observado como parâmetro para as usinas grandes. O Cepea apontou queda de 1,94% na semana até 24, com preço médio de R$ 1,6493. "Se os grandes definirem R$ 2 como piso, a pressão sobre os preços vai diminuir", avalia o trader.
Arredondando ainda mais, atipicamente a margem da revenda virou para o biocombustível. Em média, nas contas da SCA, é de R$ 0,40/0,42 para a gasolina e R$ 0,30 para o etanol. Diante da relação direta dos grandes grupos com a rede de revenda, a inversão ajudou a manter o etanol mais competitivo, enquanto seguravam a gasolina ao máximo que puderam já que o consumo não dava saltos.
Petróleo-gasolina - A partir de 27 de maio, a Petrobras retirou R$ 0,9 do valor da gasolina na refinaria. Mas o movimento tem um deley de uma semana para mais, explica Martinho Ono. O petróleo cedeu bastante na quinta passada, 23, com os dados elevados dos inventários dos Estados Unidos, depois de máximas de US$ 75 o barril em Londres o mês passado. Na faixa dos US$ 68, com a leve recuperação neste primeiro dia da semana, ainda não é tão competitivo, além do que também há um atraso no corte da Petrobras, se houver, e também um atraso até que chegue à bomba. Em paralelo, os países produtores reunidos na Opep deverão se reunir nas próximas semanas para decidirem se mantêm ou não o corte na produção. Com o barril no patamar atual, não é um cenário provável imaginar que a produção volte a crescer. E o dólar acima dos R$ 4, nervoso com os cenários externo e interno, pode voltar à sua inflexão de alta. Então, o fundamento via combustível fóssil continua favorável ao etanol.
Açúcar - A tela principal da ICE,em Nova York, fechou em leve alta na segunda, 27, por ajuste de posições, mas está abaixo dos 12 c l/p. O outubro, 12.05 c l/p. Não apresenta volatilidade de alta. E o prêmio do etanol contra o açúcar Nova York estava em 12,71%. Para o CEO da SCA, na virada do meio de ano, o Centro-Sul vá manter a produção de açúcar apenas para selar os compromissos assumidos. (Portal Notícias Agrícolas - Giovanni Lorenzon)
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